Relativamente
à questão da desigualdade no acesso ao sucesso educativo pelas minorias 61% dos
participantes refere que os pinguins são os prejudicados pelo fato de não
falarem português, 17% refere que todos os animais são prejudicados neste
processo, 9% referem os macacos porque tiravam negativa, a mesma percentagem
refere o frango pois este ia sempre ao diretor e por isso era o prejudicado.
Finalmente, 4% refere os coelhos porque estes não sabiam desenhar.
Gráfico 1: Representação das respostas dadas pelas crianças relativamente
à dimensão A
No que diz
respeito à questão sobre a responsabilidade pelo sucesso educativo 52% das
crianças apontaram o professor como responsável, justificando que este não
ensinava os animais ou o pinguins a falarem português, 18% refere que os
culpados sãos os frangos porque iam sempre à sala do diretor, 13 % refere que
os pinguins seriam culpados pelo fato de não saberem ler ou escrever, 4% refere
que ninguém é culpado, 4% refere que todos os animais são culpados, para 4% das
crianças o pato é o culpado e finalmente 5% das crianças não soube responder.
Gráfico 2: Representação das respostas dadas pelas crianças relativamente
à dimensão B
Conclusões
Por
esta altura podemos concluir que nem todas as crianças apresentam a mesma
opinião face às questões colocadas, o que também se relaciona com as idades e
fases de desenvolvimento em que se encontram. Embora a nossa amostra seja muito
heterogénea relativamente às idades, pois inclui crianças desde os 6 aos treze
anos, existe um grande consenso nas respostas às questões por nós colocadas.
Assim, perante a história que contámos às crianças, 61% considerou evidente o
fato de que não ter o português como língua materna constitui um obstáculo ao sucesso
educativo dos pinguins, sendo que estes seriam os mais prejudicados no contexto
educativo. Uma parte significativa da nossa amostra, 17%, considerou que todos
os animais seriam prejudicados, revelando uma compreensão mais abrangente
acerca dos diferentes tipos de minorias. Em percentagens menores as opiniões
variaram por outros animais da história.
Por outro lado, também a maioria, 52% dos
participantes, aponta o professor como o principal culpado pelo insucesso educativo
dos pinguins, revelando sensibilidade na compreensão da posição das minorias
étnicas no contexto educativo ou como principal culpado pelo insucesso de todos
os animais. Para 18% das crianças os culpados são os frangos porque iam sempre
à sala do diretor, para 13% os próprios pinguins são os culpados por não
saberem falar português e para 4% o pato é o culpado. Estas crianças revelam
assim uma perspetiva de que é suposto que seja o aluno a adaptar-se ao contexto
educativo e não o contrário. Ainda para 4% ninguém é culpado e para a mesma
percentagem todos são culpados. Finalmente 4% não soube responder.
De
uma forma geral podemos concluir que a maior parte das crianças compreende a
diferença, compreende que a diferença causa dificuldades e que o papel do
professor é fundamental para que o aluno realize as suas aprendizagens. Se o
aluno não aprende é porque o professor não ensina bem.
Não podemos esquecer que, atualmente, nas nossas escolas
verifica-se uma grande diversidade em termos de cultura, língua, raça e etnia.
É necessário atender às especificidades de cada aluno e valorizar as suas
experiências pessoais e a cultura de cada um , tirando partido da diversidade.
O professor precisa de ter em conta que as crianças não estão todas nas mesmas condições face aos códigos, às
regras, à linguagem e cultura escolar: umas têm o acesso facilitado, pois pertencem a
famílias que fornecem apoio ou que lhes criam um ambiente de familiaridade com
o que é ensinado; para outras, tudo o que se passa na escola lhes é estranho,
pois não estão familiarizadas com a sua linguagem e as suas regras e não
possuem apoios que facilitem o acesso ao saber e à cultura escolares. Por isso,
se os alunos forem tratados todos da mesma forma a exclusão daqueles que menos
se ajustam à escola em termos culturais, linguísticos e outros será inevitável.
Assim, o professor tem um papel muito importante
a desempenhar no âmbito da multiculturalidade, pois a sua atitude, prática e
formação influencia no processo educativo, podendo favorecer ou mesmo criar
obstáculos ao desenvolvimento cognitivo, social e emocional dos alunos como
também ao desenvolvimento de competências e capacidades de cada um.
Terminamos o nosso trabalho com um pensamento que
recolhemos de uma criança e que também transmite um pouco a nossa posição
relativamente a este tema:
“ (…)
porque o macaco só consegue trepar, se ele fosse nadar afogava-se.”
(M, 8 anos)
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